Moradores e comerciantes reclamam de ponto de prostituição de travestis em Cabo Frio
Denúncias apontam tráfico de drogas e exploração sexual de menores no local. Comerciantes pedem providências
Luciano Moreira
Moradores e
comerciantes do bairro Ville Blanche, compreendida entre as esquinas das
Ruas Porfírio Patrocínio Nascimento (Rua do Sol) e José Antônio Sampaio
com a avenida Júlia Kubitschek, nas proximidades da rodoviária de Cabo
Frio, procuraram o Blog para denunciar a ação de travestis que fazem ponto no local.
Local onde as travestis se concentram à noite |
Os comerciantes afirmam que a presença das travestis, que chegam por volta das 20h, faz com que as pessoas evitem o local, prejudicando os estabelecimentos que ficam abertos até mais tarde: "quando chegamos, pela manhã, a primeira coisa que temos que fazer e limpar as calçadas, pois além dos vestígios de programas e de uso de drogas, às vezes elas até defecam na frente das lojas", contou um comerciante que não quis se identificar. Já os moradores, afirmam que evitam circular pelas ruas da região e que pais de adolescentes e jovens que estudam à noite são obrigados a buscá-los nas escolas ou a fazer vigília na porta das casas até que eles cheguem.
Lata utilizada para uso de crack abandonada no local |
Os moradores contam que além do trânsito dos clientes que usam os serviços das travestis, a maioria de carro, há aqueles que aparecem à pé e fazem os “programas” ali mesmo, em locais mais escuros, atrás de carros e árvores.
Outro problema relatado são as constantes brigas, gritarias, palavrões e algazarra que duram por toda a madrugada.
O morador de um prédio que fica nas proximidades e que prefere não se identificar, disse que já chamou a polícia várias vezes, mas que quando a polícia aparece, as travestis somem, mas é só a polícia se retirar do local que elas reaparecem.
Prostituição
não é crime, mas moradores afirmam que há menores se prostituindo no
local, o que aumenta consideravelmente a gravidade do problema. Há denúncia, também, de tráfico e consumo de drogas.
Polícia
Para o comandante do 25° BPM, tenente coronel Ruy França, uma ação da polícia, pura e simples, não resolveria o problema definitivamente: "é necessária uma ação conjunta com órgãos de direitos humanos, Conselho Tutelar e de assistência social, para que essas pessoas não sejam apenas removidas do local, mas que sejam, de alguma forma reintegradas na sociedade", afirmou. Quanto á questão do tráfico de drogas e de exploração sexual de menores, ele afirma que o serviço reservado da PM já vem acompanhando a situação há algum tempo e que, oportunamente, a Polícia Militar irá intervir.
Preconceito
Um artigo intitulado INTOLERÂNCIA SÓ COM A FALTA DE RESPEITO, publicado recentemente no Blog por Rodolpho Campbell, presidente do Grupo Iguais, que luta pelos direitos da comunidade LGBT de Cabo Frio, baseado em pronunciamento feito por ele na Câmara Municipal de Cabo Frio, abordando o caso da prostituição de travestis e condenando não a prostituição em si, mas a possibilidade de algumas delas estarem sendo vítimas de exploração sexual e a possível presença de menores de idade entre elas, provocou polêmica.
Rodolpho Campbell |
Para Rodolpho, é
necessário que o poder público, através da secretaria municipal de
Assistência Social, desenvolva um trabalho voltado a inclusão das
travestis, com cursos profissionalizantes, abrigo e acompanhamento
psicológico, entre outras ações: “mas, para isso é preciso que esse
projeto seja desenvolvido em conjunto com entidades LGBT, pois nós
vivemos a realidade do preconceito e sabemos como abordar e dialogar com
elas, para que, no fim a ação não acabe tendo um teor preconceituoso
também”, sentenciou.
O fato é que se
tornam urgentes duas ações. Uma no local para interromper o tráfico de
drogas e a exploração sexual de menores, se houver. Outra com os
personagens, as travestis, que assim como qualquer outro cidadão merecem
toda a atenção do poder público, e devem ser orientadas quanto às DSTs,
aos seus direitos e, principalmente, aos seus deveres e aos respeitos
às normas sociais.
Assistência Social
Em nota, a prefeitura de Cabo Frio se manifestou sobre o assunto, acerca da possibilidade de uma ação da Assistência Social do município:
Prostituição não é crime, mas explorar crianças sexualmente, traficar drogas ou manter pessoas em regime semelhante à escravidão são crimes graves e devem ser investigados e punidos.
Veja mais:
INTOLERÂNCIA SÓ COM A FALTA DE RESPEITO
Locais mais escuros são usados para programas |
Assistência Social
Em nota, a prefeitura de Cabo Frio se manifestou sobre o assunto, acerca da possibilidade de uma ação da Assistência Social do município:
"A Secretaria
Municipal de Assistência Social informa que nos CRAS - Centro de
Referência de Assistência Social, todas as pessoas podem ser inseridas
no PAIF (Programa de Atenção Integral à Família), e a partir daí,
começam a ser atendidas por toda a rede socioassistencial.
No caso da
prostituição, a pessoa que quiser mudar de vida e procurar outro tipo de
trabalho, poderá, nos CRAS, participar das oficinas de inclusão
produtiva, onde aprendem diversas profissões, como diversos tipos de
artesanato, panificação, culinária de festa, doces em compotas, enfim,
várias opções que podem contribuir para a geração de renda daquela
pessoa.
Ao procurar o
CRAS, essas pessoas serão também inseridas no CadÚnico, que é a porta de
entrada para que elas tenham acesso a seus direitos, inclusive o Bolsa
Família e o desconto nas contas de energia elétrica, entre outros.
A partir do
CRAS, ela também poderá ser encaminhada para participar de algum curso
oferecido pelo Pronatec. São cursos de capacitação profissional, como
auxiliar de cozinha, aplicador de revestimentos cerâmicos, auxiliar de
plataforma, entre outros.
É
também nos CRAS que elas são acompanhadas por psicólogos e assistentes
sociais, através do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos,
que fortalece os vínculos familiares e comunitários." Prostituição não é crime, mas explorar crianças sexualmente, traficar drogas ou manter pessoas em regime semelhante à escravidão são crimes graves e devem ser investigados e punidos.
Comerciantes reclamam da queda no movimento à noite |
Veja mais:
INTOLERÂNCIA SÓ COM A FALTA DE RESPEITO