quinta-feira, 5 de maio de 2011

FONTE: JORNAL DO TOTONHO

SOPA COM LARVAS
 
O deputado Janio Mendes (PDT) encaminhou ao secretário estadual de Saúde, Sérgio Cortes, cópia da denúncia feita ao Ministério Público que relata caso de negligência e maus tratos no Hospital São José Operário, em Cabo Frio. Segundo a denúncia, um homem de 28 anos ficou mais de 48 horas sem se alimentar, com pouca condição de higiene, teve os medicamentos do coquetel anti-HIV administrados de forma incorreta e ainda recebeu sopa com larvas.
CAOS URBANO & VIOLÊNCIA – 1
Ocupação urbana desordenada, com invasões de toda sorte e motivação. Transporte público de péssima categoria, gerando o nascimento e desenvolvimento de alternativas fora da ordem legal. A ausência do poder público com vontade política para se impor e organizar os serviços que devem ser prestados a população. A absoluta falta de limites claros e definidos entre o público e o privado. Este é o quadro de muitas cidades brasileiras, mas em Cabo Frio se amplia no 2º distrito de Tamoios. O resultado desta incúria generalizada é a criação de áreas de extrema violência, que escapam totalmente ao controle do poder público.
CAOS URBANO & VIOLÊNCIA – 2
Foi grande a comoção no meio político de Cabo Frio com o assassinato do veterano vereador Aires Bessa (PSDB). Mas, em nenhum momento os entrevistados pela mídia presente ao velório do vereador se dispuseram a analisar o verdadeiro significado do bárbaro crime. Limitaram-se as declarações de praxe em um momento de perplexidade e dor, que atingiu a toda sociedade cabofriense. É preciso calma, reflexão e determinação política para mudar o quadro que gerou a violência inominável. A pergunta que não quer calar é: será que a atual estrutura política de Cabo Frio tem condições de mudar a fundo suas próprias práticas para impedir a disseminação da violência?
CÂMARA SEM MUDANÇAS SUBSTANCIAIS
A morte do vereador Aires Bessa (PSDB) não deve mudar praticamente nada na correlação de forças político-partidárias na câmara municipal de Cabo Frio. A chamada base aliada continua hegemônica e a oposição muito frágil, com dois vereadores (Marcello Corrêa e Taylor Jasmin), que só agora, praticamente as vésperas do ano eleitoral resolveram fazer oposição, mesmo assim, de forma canhestra. É preciso muito mais que simples discursos fracos e sem conteúdo para fazer frente ao chamado “rolo compressor” do Governo Marquinho Mendes (PSDB).
A FRAGILIDADE DO LEGISLATIVO
Há muito o legislativo vem perdendo espaço para o executivo. Numa democracia de massas, onde através dos instrumentos de mídia acontece a ligação direta entre os líderes e as massas, o papel do legislativo vem diminuindo muito. A grande maioria dos projetos e das iniciativas políticas vem do executivo e ao legislativo tem cabido o papel de homologador das decisões. Sem papel político importante o legislativo tem sido aquinhoado com uma série de privilégios que acabam por enfraquecê-lo perante a opinião pública.
DESPACHANTES DE LUXO
Indicações sem o menor valor político-administrativo e projetos de lei voltados para favorecer entidades, que beneficiam eleitoralmente os vereadores, tem sido a tônica da câmara municipal de Cabo Frio. Os vereadores obtém vantagens do executivo, votam tudo ou quase tudo que o executivo manda para a câmara e não discutem temas que envolvem a sociedade como um todo. No máximo defendem interesses específicos de um bairro ou de uma categoria profissional. Transformaram-se em despachantes de luxo, muito caros para quem paga impostos.
A DESORDEM COMO REGRA
Os vereadores, junto com a prefeitura tem defendido como podem as chamadas “feiras de artesanato” que, lamentavelmente, não deveriam mais se chamar assim. Sempre em nome da catação de votos acobertam a desordem urbana e toda sorte de ilegalidades. Cabo Frio inteiro sabe que ali, tanto na Praia do Forte, como no Canal do Itajurú, a maior parte das barracas (algumas tem até portas, gente morando e pertencem a lojistas) não vendem nada parecido com artesanato. Vendem badulaques do Paraguai, da China e da 25 de Março, em São Paulo. Tudo isso na cara das autoridades públicas, que ainda protegem a ilegalidade. Será que não percebem que esta bagunça em nome de “tudo pelo social” é uma farsa que nunca acaba bem?
JT – Esta desordem absoluta por temor de agir, pela cumplicidade, pelo desconhecimento (vá lá que seja) é que criam o clima para que a violência prospere. Será que não basta?