sábado, 16 de julho de 2011

FONTE: SITE FOLHA DOS LAGOS


Delegado defende o próprio trabalho e diz que estrutura da delegacia é deficiente

Com substituição confirmada para a próxima semana, o delegado-titular da 126ª DP (Cabo Frio), Roldenyr Cravo, afirma não con-testar a decisão da chefia de Polí-cia Civil, mas defende o trabalho realizado desde de fevereiro à frente da unidade. Em entrevista exclusiva à Folha dos Lagos, Roldenyr admite não ter relatado inquéritos em junho – o que foi considerado como estopim para a saída – mas minimizou o fato alegando deficiências na estrutura da delegacia.
– Esse termo baixa produtividade deveria ser melhor explicado, porque a meta dos inquéritos, que realmente não foi cumprida em junho, é apenas uma das metas que nós precisamos cumprir, e nós cumprimos todas as outras. E só não cumprimos essa meta em junho porque tivemos problemas específicos. Nos outros meses, tudo foi feito de acordo com o planejado – alega o delegado Roldenyr Cravo.

Troca de comando
“Em primeiro lugar, eu quero destacar que eu nunca questionei determinações dos meus superiores, e não vai ser agora que eu vou questionar. Dos meus 49 anos de vida, 28 deles foram dedicados à Polícia Civil. Eu sou um soldado da Polícia Civil e estarei onde for determinado. Para mim, que sem-pre fui um homem de interior, foi uma grande satisfação trabalhar em Cabo Frio. Agora eu estou indo para a Divisão Anti-Sequestro (DAS), que é uma divisão de elite da polícia, o que engrandece em muito o meu currículo. Mesmo que eu esteja indo como delegado-adjunto, ou seja, como um auxiliar, considero uma grande honra”.

Estrutura de trabalho
É preciso dizer que eu encontrei a unidade em um estado bastante precário, e com um número de funcionários bem inferior ao necessário. Fizemos, a princípio, um trabalho no sentido de organizar a unidade. Colocamos diversos processos em dia, elucidamos crimes difíceis e trabalhamos, eu e a minha equipe, durante 24 horas por dia, inclusive nos finais de semana, quando fizemos diver-sas operações policiais e efetuamos muitas prisões. Encontramos a delegacia em um estado interno tão ruim que a própria chefe de polícia (delegada Martha Rocha) ordenou uma força-tarefa para normalizar a situação. A delegacia de Cabo Frio tem a incrível marca de oito mil inquéritos em arquivo. Em média, são registrados 30 ocorrências por dia. Sem contar que, mesmo após a inauguração da delegacia de Arraial do Cabo (132ª DP), os inquéritos que antes eram registrados aqui continuaram aqui. Apesar disso tudo, deixo ao meu sucessor uma delegacia organizada e em condi-ções de trabalho, e os nossos funcionários, que estavam completa-mente desmotivados, podem falar melhor sobre a minha gestão”.

Baixa produtividade
“Esse termo baixa produtividade deveria ser melhor explicado, porque a meta dos inquéritos, que realmente não foi cumprida em junho, é apenas uma das metas que nós precisamos cumprir, e nós cumprimos todas as outras. E só não cumprimos essa meta em junho porque tivemos problemas específicos. Nos outros meses, tudo foi feito de acordo com o planejado. Em junho, uma de nossas delegadas-adjuntas saiu de férias, e a outra ficou envolvida no plantão de área dos finais de semana, e esse plantão dá muito trabalho porque concentra os crimes de toda a região. Sem contar que, de todas as deficiências que nós encontramos, a principal delas está no cartório. O delegado só pode relatar o inquérito que está pronto. Eu não posso fazer tudo, não posso sair por aí inti-mando as pessoas a depor, por exemplo. Se o inquérito não está pronto é porque ele não foi feito, e se não foi feito é porque existem deficiências, e foi exatamente por isso que existiu essa força-tarefa.

Balanço do trabalho
“Mesmo com todas essas deficiências, nós conseguimos elucidar, em um curto período, crimes de grande importância como o assassinato do vereador Aires Bessa. É claro que ainda não podemos prestar todas as informações, mas posso dizer que chegamos ao principal suspeito, que era a parte mais difícil. Vou passar esse caso ao meu sucessor bastante encaminhado. Também começamos um trabalho em parceria com o Minstério Público, que está sendo feito a nível nacional, no sentido de elucidar todos os homicídios praticados até 2007. E mesmo com poucos recursos, conseguimos destinar uma verba para esse projeto. Além disso, tenho certeza que a Polícia Civil nunca prendeu tantos criminosos e nunca apreendeu tantas drogas e máquinas caça-níqueis como nessa gestão. Prendemos, inclusive, o chefe do tráfico na Boca do Mato, e estouramos diversos bingos clandestinos na cidade. Fizemos a ‘Operação 4 Rodas’ e a ‘Operação 2 Rodas’... O melhor arquivo do nosso trabalho está na própria Folha dos Lagos, que acompanhou de perto o nosso trabalho. Considero a minha gestão não a-penas exitosa, como irrepreensível”.

Relacionamento
“Também tenho certeza absoluta que nunca houve uma relação tão próxima por parte da imprensa e da população em geral com o delegado de polícia. Procurei atender a todos pessoalmente, dei voz às minorias que, em geral, são discriminadas, atendi pessoalmente mulheres vítimas de violência, idosos, ou seja, aproximamos muito a polícia do cidadão. Na minha gestão, a delegacia ganhou transparência e nós soubemos servir ao público. Nenhum delegado, que eu tenha conheci-mento, se colocou tão à disposição do público quanto eu”.

Despedida
“Deixo, aos cidadãos de Cabo Frio, a mesma mensagem que eu deixei quando fui sabatinado na Câmara Municipal: cuidem da família. Cobrem, das autoridades, projetos e políticas que cuidem da família, para que Cabo Frio não acabe em uma situação fora de controle, como já acontece em cidades próximas, e até meno-res. Só tenho a agradecer a todos com quem tive a oportunidade de trabalhar nesse período. Em especial, agradeço ao coronel Gilson (secretário municipal da Ordem Pública), e ao José Maria Brickman (presidente do Conselho Comunitário de Segurança), que foram colaboradores incan-sáveis. Também agradeço pro-fundamente ao prefeito Marcos Mendes, que nos cedeu funcioná-rios da prefeitura para trabalharem aqui na delegacia, e se não fossem esses funcionários cedidos muita coisa ainda estaria parada na delegacia”.